domingo, 23 de dezembro de 2012

A destruição do passado


Em tempos onde tudo parece que faz parte do presente, acho oportuno relembrar um dos maiores pensadores do nosso tempo. Infelizmente, uma certa revistinha semanal ligada com corruptos e com golpes, publicou uma crítica ácida contra este historiador. Mas eles também criticaram severamente o grande Oscar Niemayer. Fico muito preocupado quando as pessoas esquecem do passado recente, em nome do espetáculo midiático que tenta a todo custo recuperar seu posto de poder. Leia o que disse o grande Eric Hobsbawn:
“(...) Em 28 de Junho de 1992 o presidente Mitterrand da França, apareceu de forma súbita, não anunciada e inesperada em Sarajevo, que já era o centro de uma guerra balcânica que iria custar cerca de 150 mil vidas no decorrer daquele ano. Por que o presidente francês escolheu esta data? Porque esta era a data do aniversário do assassinato do herdeiro do império Austro-Húngaro, nesta mesma cidade em 1914. Mas quase ninguém captou a alusão. A memória histórica já não estava viva.
A destruição do passado, dos mecanismos sociais que vinculam nossas experiências com as das gerações passadas, é um dos fenômenos mais característicos dos tempos atuais. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem.
Em 1989 todos os governos do mundo ter-se-iam beneficiado de um seminário sobre os acordos de paz firmados após duas guerras mundiais, que a maioria deles aparentemente havia esquecido.(...)”
Eric Hobsbawn – Era dos Extremos, p. 12-3 - Adaptado
Engenheiros do Hawaii - Toda forma de poder

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

As estruturas e as formas de relevo


Montanhas, planaltos, planícies e depressões. Estes são os quatro principais tipos de relevo que moldam a face do nosso planeta. O interessante é que o relevo nem sempre teve a mesma configuração atual, pois é resultado de variações ocorridas na superfície terrestre ao longo de milhões de anos. Tais variações são produzidas por dois tipos de forças, as externas (exógenas) causadas pelo intemperismo – degradação de rochas – químico e/ou físico, e as internas (endógenas) causadas pelo vulcanismo e pelo tectonismo.
As planícies se estendem por todo o planeta, terras baixas próximas aos grandes rios, como acontece com a gigantesca planície da Amazônia. Os planaltos são elevações onde predominam os processos de erosão, enquanto nas planícies predomina o processo de acumulação de sedimentos. Portanto, não é a altitude que define exatamente o que é um planalto ou uma planície.
As montanhas são chamadas de dobramentos modernos. São causadas pelo choque das placas tectônicas. São relativamente jovens na história geológica do planeta, com pouco mais de sessenta milhões de anos. No Brasil, geológica e tecnicamente falando não existem montanhas. As depressões são superfícies localizadas em altitude inferior à das regiões próximas, o que caracteriza uma depressão relativa. Quando uma depressão está abaixo do nível médio do mar, ela é absoluta, como ocorre no Mar Morto no Oriente Médio, mais de quatrocentos metros abaixo do nível do mar.
Não se deve confundir as formas de relevo – montanhas, planaltos, planícies e depressões – com as estruturas de relevo. Estas são basicamente: escudos cristalinos (os terrenos mais antigos da crosta terrestre constituídos de rochas magmáticas), as bacias sedimentares (estruturas formadas entre duzentos e seiscentos milhões de anos por rochas sedimentares) e os dobramentos terciários (formações mais recentes do nosso planeta, como os Andes, os Alpes e o Himalaia).

Mais sobre Geografia física:
http://geopesca.blogspot.com.br/2012/10/o-que-e-frente-fria.html

"ela falava coisas sobre o PLANALTO central...."
Eduardo e Mônica - Legião Urbana

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cultura de Massa


Vivemos na massa. Somos a sociedade de massa. Queremos ser diferentes, mas muitas vezes, não há opção, e voltamos para a massa. O indivíduo desdém da massa, mas a massa é necessária.
Movimentação frenética, por vezes descontrolada. Ela não pensa, na verdade, até pensa, mas não há tempo para reflexões. A massa é ativa, não busca identidade, mas sim dinamicidade. Quanto maior a dinâmica, maior é a movimentação.
A massa não tem lugar, ela surge onde puder, onde precisar. A massa pode ser identificada por meio do vocabulário, da vestimenta, da música, do comportamento. Constante crescimento sem necessidade de estabelecer metas, finalidades e objetivos.
A massa não castra os seus desejos. Ela é portadora de energia, dissipada a qualquer momento e em qualquer direção. A energia pode gerar violência, pois não há controle sobre a energia.
A massa é ideia de igualdade, de agir com naturalidade. Seja massa de vez em quando. Talvez o seu cérebro não queira ter um objetivo e uma meta racional o tempo todo.



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Desafio da Revolução Energética Mundial


O mundo depende totalmente das fontes de energia não renováveis e altamente poluentes. Esta é a má notícia para os defensores do meio ambiente. Os puxadores deste sistema são os combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo.
Quase noventa por cento da energia usada em nosso planeta provém de fontes que se esgotarão, o que leva a humanidade ao desafio de encontrar uma forma de desenvolver novas tecnologias para explorar as fontes renováveis.
A China, o grande emissor de dióxido de carbono, é o país que mais investiu em energia renovável recentemente. Estados Unidos e União Europeia também avançam no projeto de diminuir os custos dessas fontes de energia. Até metade do século XXI, o Brasil terá mais de noventa por cento da sua matriz energética proveniente de fontes renováveis.
Mas as fontes de energia alternativa também têm custo ambiental alto. No Brasil a construção de usinas hidrelétricas sempre é alvo de protestos inflamados por parte de alguns setores da sociedade, uns por convicção ambiental, outros apenas por puro modismo.
Como desenvolver um país sem produzir energia? Como produzir energia sem poluir? A falta de informação é enorme. Até hoje existem pessoas que pensam que usar etanol em seu automóvel não vai agredir o meio ambiente! Há os que são contra a construção de barragens, mas não se incomodam de abrir o registro do chuveiro e tomar um banho quente. Há os que defendem a instalação de painéis solares para aquecimento da água. Imagine, em Curitiba, poderíamos tomar banho quente no verão! Dá até para fabricar um ventilador movido a vento.
Eu não sou contra a defesa do meio ambiente. Apenas não gosto deste debate vazio, cada vez mais presente na era das redes sociais, onde basta um clicar e compartilhar, para que a pessoa mais desprovida de argumentos se torne em segundos, um defensor das causas planetárias. Lá vou eu para o velho clichê, ou seria um mantra, sei lá: Educação é a solução.

A volta triunfante do Carvão Mineral:

Sobre Belo Monte, veja a postagem abaixo:


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Diamante de Sangue

Comentário sobre o filme Diamante de Sangue

Serra Leoa e seus diamantes. O espólio ao qual o continente africano foi submetido pelos civilizados europeus seguiu firme mesmo após a independência das colônias. Uma elite minoritária e corrupta comanda a maioria dos países. Neste cenário é fácil surgirem grupos armados contra os governos. Mas tais grupos, que se auto-intitulam de libertários ou revolucionários são do mesmo bando explorador de riquezas, submetendo a pobre população subsaariana a mais guerras.
Um campo fértil para o comércio ilegal de armas. Na costa oeste do continente africano, os diamantes são a moeda de troca. Eles financiam a morte de milhares de inocentes. Por isso são chamados de diamantes de sangue.
No filme estrelado por Leonardo DiCaprio, o destino de um humilde pescador sequestrado por terroristas estará amarrado a um cobiçado diamante rosa. O jogo de interesses e traição é constante. A produção ajuda-nos a ter uma ideia do que são as guerras civis africanas, de como inexiste o real interesse das potências ocidentais em ajudar, e de como a vida humana é tratada por desdém pelos poderosos.

Mais sobre a África Subsaariana em:

Outro filme que mostra o conflito em Serra Leoa é o Senhor das Armas:

Legião Urbana - Canção do Senhor da Guerra

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Senhor da Guerra

Um comentário sobre o filme Lord Of War - O Senhor das Armas, em português.


Ele não é um bandido comum. Na verdade, ele é quase um mocinho. Boa pinta, sedutor, simpático, um típico comerciante. Yuri Orlov roda o mundo vendendo uma mercadoria cobiçada e valiosa para qualquer governante disposto a manter o poder e o lucro. Na verdade, estes são os verdadeiros bandidos da história.
Como não é uma história convencional de hollywood com um roteiro quase sem começo e sem fim, O Senhor das Armas está longe de ser um daqueles filmes que tornam-se mitos do cinema. Uma pena, pois trata-se de uma história rica, real, surreal, atordoante, aterrorizante, e por incrível que pareça divertida.
O mundo é um barril de pólvora. O ser humano domina seu próximo em busca de prestígio, poder, dinheiro. Neste contexto é que o personagem de Nicolas Cage torna-se surpreendentemente carismático, mesmo sendo um mercador da morte.
Com a história das últimas três décadas do Século XX como pano de fundo, a trajetória de Orlov é contada de forma dinâmica em primeira pessoa, com frases de impacto que por vezes chegam a ser constrangedoramente engraçadas.
É possível fazer uma analogia histórica, geográfica, filosófica, política, geopolítica e ética sobre este filme. Quem já viu, deve rever com calma, principalmente a questão envolvendo as guerras civis africanas. Quem não viu, deve ver. Porém, um aviso: este filme não tem um final considerado politicamente correto, na verdade, não há final.

Quem viu o filme vai entender o clipe abaixo - Cocaine - Eric Clapton

Veja o comentário sobre o filme Diamante de Sangue em: http://geopesca.blogspot.com.br/2012/11/diamante-de-sangue.html




terça-feira, 6 de novembro de 2012

Novo Código Florestal


O relator Aldo Rebelo, do PCdoB, atual ministro dos esportes, foi o grande defensor do novo código florestal, com apoio maciço de mais de uma centena de deputados da chamada bancada ruralista, parlamentares ligados diretamente ao agronegócio.
Segundo o novo código florestal:
  • As RLs serão reduzidas na Amazônia Legal para 50%, caso 65% do território estadual seja considerado como APP.
  • Nas APPs fica autorizado o uso de parte da reserva para algumas lavouras, a serem definidas pelo governo.
  • As atividades consolidadas na área até o mês de julho de 2008 podem continuar.
  • Quem desmatou ilegalmente até 2008 está livre das multas, desde que recomponham parte da área degradada em até 20 anos. Estão liberados os reflorestamentos com espécies não nativas.
  • As matas ciliares na Amazônia caem de 500 para 100 metros.
Pelo novo código florestal, seriam recompostos 23 milhões de hectares dos mais de 130 milhões desmatados. Portanto, se cumprido à risca, seriam recuperados apenas 18% do que já foi desmatado.

E você? Pensa o que sobre isso? Um fato importante a ressaltar, é que desde 1990, o país aumentou sua área explorada em apenas 28%, sendo que a safra aumentou 180%. Os ambientalistas defendem que é possível produzir mais sem desmatar. A bancada ruralista quer maior flexibilidade, pois consideram o atual código muito severo e prejudicial ao agronegócio. O governo, seja ele qual for, está no meio do impasse.

O Brasil é um país gigantesco, abrigando seis grandes biomas. Um único código florestal para todo o território não é o ideal. A discussão vai longe. Dilma vetou nove pontos do novo código. O congresso seguirá analisando.
OBS: Breve histórico no Código Florestal:
http://geopesca.blogspot.com.br/2012/11/codigo-florestal.html

We got department stores and toilet paper
Got styrofoam boxes for the ozone layer
Got a man of the people, says keep hope alive
Got fuel to burn, got roads to drive
NEIL YOUNG

Neil Young - Rockin´in the free world

Código Florestal


O código florestal é uma lei federal que regulamenta a ocupação de terras e define quais as áreas que devem ser preservadas. O atual código florestal data do ano de 1965, um ano após o fatídico golpe militar. Dentre suas regulamentações, ele define dois conceitos básicos:
  • RL - Reserva Legal: é uma área de vegetação nativa que deve ser mantida em cada propriedade. A RL pode ser explorada, desde que haja um manejo adequado por parte do proprietário.
  • APP - Área de Proteção Permanente: são áreas que devem ser mantidas intactas. São consideradas como APPs as matas ciliares (margem dos rios), as nascentes e mananciais, encostas e topos de morros.
Na época da fixação desta lei, as propriedades se concentravam no Sul e no Sudeste, áreas de vegetação nativa (mata das araucárias e mata atlântica) bastante devastadas. Porém, já havia o avanço da cultura de soja em extensas áreas do Cerrado, entrando na Amazônia. Contudo, foi a pecuária extensiva a atividade que exerceu forte pressão sobre o Bioma Cerrado, criando a primeira fronteira agrícola, hoje praticamente emendada com a Amazônia Legal.

No ano de 2001, o grande privatizador, Fernando Henrique Cardoso, então presidente do Brasil, emitiu uma MP (Medida Provisória) que aumentava as áreas de RL de cada propriedade na Amazônia e no Cerrado. O percentual passava de 50 para 80% na Amazônia, e de 20 para 35% no Cerrado. Os proprietários ficaram revoltados, pois esta fixação de percentuais foram emitidos após as áreas já estarem devidamente exploradas. O desrespeito à lei continuou. Lula fixou prazo para adaptações em 2008, mas por duas vezes ampliou tal anistia. 

Existe forte pressão do agronegócio para a aprovação do Novo Código Florestal. A cobertura nativa do Cerrado é de cerca de 50%, enquanto a Amazônia tem quase 80% de sua área ainda intacta. A pecuária ocupa 77% da área explorada no país, enquanto que a agricultura os outros 23%.  Mas no que o novo código pode influenciar?
Não deixe de ler a outra postagem sobre o código florestal:
http://geopesca.blogspot.com.br/2012/11/novo-codigo-florestal.html

Let it Rain - Eric Clapton

Leia também: Produção agropecuária no Brasil
http://geopesca.blogspot.com.br/2012/08/producao-de-graos-no-brasil.html


terça-feira, 23 de outubro de 2012

O que é Frente Fria?

Frente Fria

Uma frente fria é o limite que divide duas massas de ar, uma quente, que perde força, dando lugar a uma fria que avança. Este é um fenômeno natural da atmosfera que influencia diretamente as mudanças do tempo e ajudam a caracterizar o clima de uma região.
No sul do Brasil, por exemplo, as massas de ar frio são carregadas de umidade, já que se formam no sul do Oceano Atlântico. A passagem de uma frente fria, portanto, é marcada por chuvas. Este tipo de chuva é chamado de frontal. O sudeste também recebe uma grande quantidade de frentes frias durante o ano, sendo que, em alguns casos, surgem as geadas.
Com o avanço, as frentes perdem sua força, ou seja, a velocidade dos ventos, e vai, digamos, soltando sua umidade sobre as regiões Sul e Sudeste. Isso explica, em parte, porque é difícil uma frente fria originada no extremo sul do continente atingir o Nordeste.
Hoje, a meteorologia prevê com cerca de cinco a seis dias de antecedência a chegada de uma frente fria. Mas observe que o serviço é chamado de previsão do tempo, e não profecia do tempo. A atmosfera não é uma ciência exata.
CCR - Have You Ever Seen The Rain

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Primavera Árabe



Denominou-se de primavera árabe, os protestos populares nos países de maioria étnica árabe e de religião muçulmana.
O mundo árabe, termo genérico que define os países do oriente médio e no norte do continente africano que tem população majoritariamente árabe, entrou em ebulição a partir do início de 2011.
Mas a empolgação logo deu lugar à repressão. Enquanto a coisa explodiu na Tunísia, país historicamente mais liberal, ou no Iêmen, o mais pobre do mundo árabe, tudo bem. Quando chegou à Líbia, êxtase total por parte dos países ocidentais, já que havia a real possibilidade de controlar as reservas de petróleo nas mãos do excêntrico ditador Kadafi.
Mas daí, a coisa fedeu pros lados do Egito. E o que tem o Egito? Bem, o Egito é o coração do mundo árabe. País de localização geográfica bastante estratégica, controlador do Canal de Suez, e que desde 1979 reconhece o Estado Judeu de Israel, o que o elevou ao status de “amigo” dos EUA.
Quando a ditadura de Mubarak entrou em colapso, isso preocupou e muito EUA e Israel, já que os acordos internacionais firmados pelo ditador egípcio podem ir por água abaixo. Os militares ainda não entregaram plenamente o poder aos islamitas que venceram as eleições no Egito. O medo é que minorias, como a dos cristãos, comecem a ser perseguidas, caso o novo governo resolva instituir um governo teocrático nos moldes de Arábia Saudita e Irã.
Para as potências ocidentais, no entanto, esta questão é secundária. O problema para eles é político e econômico. Houve protestos populares no Barein e na Arábia Saudita, porém, seus governos sufocaram (para não dizer que dizimaram) os protestantes. Na Arábia Saudita e no Barein pode. No Egito podia, mas Mubarak não resistiu. Agora no Irã e na Síria os protestos não podem ser reprimidos. A ONU fica doidinha para intervir. O problema, portanto não é a democracia, mas sim, manter o suprimento de petróleo, bem como apoiar a presença militar americana na região.
O que se percebe é que a Primavera Árabe já esfriou. Começou quente, mas assim que caiu o ditador egípcio amigo dos americanos e israelenses, os olhos “protetores” do Conselho de Segurança da ONU se voltaram para este barril de pólvora que é o Oriente Médio.

OBS: Apesar de citado no texto, o Irã não faz parte do mundo árabe, já que sua população é de origem persa. Porém, o país faz parte do que chamamos de Oriente Médio.

“Estamos todos vivendo sob o mesmo céu,
Estamos todos olhando para as mesmas estrelas
Vivemos sob o mesmo sol, sob a mesma lua,
Então por que não podemos viver unidos?”
Mark Hudson , Klaus Meine , Bruce Fairbairn

Veja neste blog:
Conselho de Segurança da ONU
Definição do que é um país

Conselho de Segurança da ONU



O CS (Conselho de Segurança da ONU) trata de assuntos referentes à segurança mundial. Bem, pelo menos este é o discurso oficial, já que os interesses de cinco potências são levados em consideração nesta assembléia, em detrimento da paz mundial, se preciso for.
São 15 membros, 10 deles com mandatos rotativos de dois anos. Os outros cinco são membros permanentes. Os “vencedores”, digamos assim, da Segunda Grande Guerra são os que dão as cartas no CS: Estados Unidos, Reino Unido, França, e Rússia (herdeira da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). O quinto membro foi aceito em 1972, a saber, a China.
O que os cinco membros permanentes têm como trunfo é o famoso poder de veto. Todas as resoluções para serem aprovadas precisam de aprovação de nove dos quinze membros. Porém, se um dos cinco intocáveis vetarem a proposta, ela vai para a “gaveta”.
Recentemente os americanos (detesto o termo “estadunidenses”) avisaram que vetariam qualquer proposta sobre o reconhecimento de um Estado Palestino, solicitado em 2012. Da mesma forma, uma possível entrada da ONU no conflito civil sírio, foi vetada por China e pela parceira da Síria, a Rússia.
Um caso de crise do CS ocorreu em 2003: a invasão do Iraque foi vetada por França, Rússia e China, mas os americanos invadiram mesmo assim, desrespeitando as regras. Houve tentativa de punir os EUA, mas tal punição foi vetada por Inglaterra e França. Desta vez o veto foi respeitado.
A França vetou a invasão e depois vetou a punição contra os EUA. Prova do jogo político de interesses dessas nações. Prova também, a indiscutível liderança dos Estados Unidos da América.
Segurança mundial? Só se ela ameaçar de alguma forma as pretensões políticas ou econômicas dos gigantes. Coisas da não tão Nova Ordem Mundial.

Quando eu me tornei o sol
Eu iluminei a vida nos corações dos homens"
(SYSTEM OF A DOWN)

System Of a Down - Toxicity

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Justiça para Darwin


Numa viagem de cinco anos ao redor do mundo (meados do século XIX), Darwin observou, nas ilhas Galápagos, que jabutis gigantes daquelas ilhas e certos pássaros fringilídeos diferiam de uma ilha para outra.
O arquipélago de Galápagos está localizado no oceano Pacífico, a mil quilômetros da costa do Equador, na América do Sul. É composto por treze ilhas grandes, seis ilhas pequenas e mais de quarenta ilhotas. Constitui-se um verdadeiro santuário ecológico com fauna e flora praticamente intactas em determinadas regiões.
Darwin supôs que os fatores alimento e espaço controlariam o tamanho das populações, sobrevivendo apenas os mais aptos, num processo de seleção natural. Segundo ele acreditava, a variabilidade seria inerente às populações, e apenas os mais aptos sobreviveriam.
Darwin jamais disse que "homem veio do macaco", como pregam os ignorantes. Darwin desenvolveu uma bem fundamentada pesquisa. Teoria, ao contrário do que pensa o senso comum, não são "chutes" sobre temas, mas um sistema consistente formado por observações, ideias e axiomas ou postulados, constituindo no seu todo um conjunto que tenta explicar determinados fenômenos.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O que é um país

O mundo recebeu uma nova nação em 2011, o Sudão do Sul. A Palestina tentou ser o segundo país a emergir no mesmo ano, mas o Conselho de Segurança da ONU não aprovou a criação deste Estado, devido ao poder de veto exercido pelos Estados Unidos. Mas afinal, o que define o que é um país? O que define se um país é o não um país não é o povo que mora no território, já que alguns países são verdadeiros mosaicos de nações diferentes convivendo (pacificamente ou não) sob o comando de um Estado Soberano.

A resposta pode ser encontrada na definição dada na Convenção Internacional de Montevidéu de 1933. Segundo ela, o Estado é uma entidade com:
  • uma população permanente
  • território definido
  • governo
  • capacidade de entrar em relação com outros Estados
Este último ponto é o que causa a confusão. Essa capacidade depende não apenas de quem quer ser reconhecido, mas também daqueles que querem reconhecê-lo. Ou seja, a definição não é técnica, mas, sim, política. País, portanto, é aquilo que outros países aceitarem como um País.

A ONU é o palco onde os Estados buscam sua autonomia e soberania. Mas ela não é o governo central da Terra. Para entrar nesse “clube” é preciso que haja aprovação dos colegas, com dois terços dos votos da Assembleia Geral da ONU e a aprovação do Conselho de Segurança (CS), composto por seus membros fixos e com poder de veto: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.

Surgem daí os “países que não existem”. O exemplo mais clássico é o da República Popular da China contra a República Nacional da China. Em 1949, o nacionalista Chiang Kaishek perdeu para o comunista Mao Tsé-tung a Guerra Civil Chinesa. Com isso, o governo chinês deposto se refugiou na ilha de Taiwan, enquanto Mao ganhou Pequim. Só que desde a fundação da ONU o assento chinês era do governo refugiado em Taiwan. Então, embora a ilha tivesse apenas uma fração da população chinesa, permaneceu como a verdadeira China até 1971, quando a ONU concedeu a cadeira ao governo de Pequim. 
Em 1972, depois de receber a vistia do presidente americano Richard Nixon, a China passou a integrar o seleto grupo dos membros permanentes do Conselho de Segurança. Taiwan, com 23 milhões de habitantes, PIB per capita igual ao da Alemanha, não é oficialmente um país.

E quais são os direitos de um Estado de verdade? Antes de mais nada, o novo país garantiria o monopólio do uso da força legítima em seu território, e ninguém poderia interferir, sob pena de ficar malvisto pela comunidade internacional - o que pode trazer embargos comerciais, por exemplo, contra quem violar a soberania de um país reconhecido. 
Por enquanto, a única certeza é que a anarquia vai continuar sendo o sistema internacional de governo.

Adaptação do artigo de Maurício Horta, publicado na revista Superinteressante de Setembro de 2011
 



Rage Against The Machine - Killing In The Name




segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Questão agrária no Brasil

A partir do descobrimento até a independência, o direito do uso da Terra em nosso país era controlado pela Coroa Portuguesa.
A distribuição de terras visava facilitar o controle e a ocupação do território. Neste sentido, surgem as plantations, grandes propriedades rurais que utilizavam mão de obra escrava e se praticava a monocultura voltada para a exportação.
As terras que foram cedidas pela coroa portuguesa e que não foram cultivadas, as terras devolutas, hoje chamadas de terras inexploradas, não tinham dono entre 1822 e 1850, pois não havia leis que regulamentassem o direito de uso desta terra.
O governo criou, em 1850, a lei de terras, com intuito de oferecer mão de obra aos fazendeiros produtores de café. A lei eliminou as possibilidades de aquisição de terras por parte dos imigrantes estrangeiros. Os escravos alforriados também não tinham condições de adquirir tais terras.
A lei de terras garantiu que as terras devolutas se tornassem propriedade do Estado, podendo ser negociadas apenas através de leilões. Com isso, somente os grandes latifundiários tinham condições de adquiri-las.
Desde então a terra deixou de ser utilizada somente para o cultivo, passando a ser moeda de troca, um patrimônio particular. Transformou-se em símbolo de poder acentuando as desigualdades agrárias em nosso país.
Há até hoje no Brasil a prática de escravidão por dívida, atingindo pessoas de baixa renda. Somente em 1988 a Constituição passou a prever a expropriação de terras e a realizar reforma agrária. Tal reforma caminha a passos lentos pela multidão de interesses e promoção de preconceitos sobre tal luta.

Engenheiros do Hawaii - Herdeiro da Pampa Pobre


Produção de grãos no Brasil

Produção de soja no Brasil: 75 milhões de toneladas 2010/2011.
Área plantada: cerca de 24 milhões de hectares (cada hectare mede 10 Km²).
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja.
O estado de Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja: 20,4 milhões de toneladas.
O estado do Paraná é o segundo maior produtor brasileiro de soja: 15,4 milhões de toneladas.
Apesar da maior área de cultivo estar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a soja vem encontrando novos espaços nas regiões Norte e Nordeste.
Fronteira agrícola: é o avanço da produção agrícola sobre o meio ambiente ligado com a necessidade de maior produção de alimentos, principalmente os voltados à exportação.
Nos últimos três anos as regiões Norte e Nordeste registraram um aumento de área para o cultivo da soja de 8,6%, o que representou cerca de 10% da produção nacional do grão.
O que mais atraiu investimentos para estas regiões são as terras baratas, as facilidades logísticas. Só no Tocantins a tecnologia agrícola irrigada possibilitou um aumento significativo da produção de soja e arroz, cerca de 10% nos últimos anos.
A média do Piauí é de 2,9 toneladas de soja por hectare. A média nacional é de 2,8 toneladas/hectare.
Outros importantes produtores de grãos da região Nordeste estão nas imediações do semiárido, entre o sul do estado do Maranhão e o Oeste do estado da Bahia.
O milho e a soja são as culturas de maior peso na produção: juntas chegam a 83% de toda a safra.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho com produção anual superior a 50 milhões de toneladas.
O principal destino da safra são as indústrias de rações para animais.
As principais áreas de plantação do milho são estão no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul.
A produção anual de trigo do Brasil oscila entre 5 e 6 milhões de toneladas. Cerca de 90% da produção nacional está no Sul do Brasil.

Chitãozinho e Xororó - Terra Tombada