Os muros que ainda
dividem a população
Por Felipe Amorim, Opera Mundi
Há
25 anos, caía na Alemanha o Muro de Berlim. Para muitos, o episódio sinalizava
o início de uma nova era, de expansão da globalização e diminuição das
fronteiras — simbólicas e reais. Um quarto de século após a queda deste ícone
da Guerra Fria, ainda persiste, espalhada pelo mundo, uma série de fronteiras
muradas construídas para separar povos.
CISJORDÂNIA-ISRAEL:
O Muro da Cisjordânia — ou “Muro da Vergonha”, como é chamado pelos críticos da
ocupação israelense — começou a ser construído em 2002, período da Segunda
Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia. Na época, foi
dito que o intuito era impedir a entrada de palestinos para prevenir atos de
terrorismo. Os que se opõem à barreira denunciam que o muro é uma ferramenta
utilizada por Israel para, além de interditar as negociações de paz por
estabelecer unilateralmente novas fronteiras, também anexar gradualmente
porções do território palestino, muitas das quais passaram a abrigar
assentamentos israelenses. Atualmente, a parede de concreto, ferro e arame
farpado tem cerca de 440 quilômetros de extensão — se a construção da barreira
for finalizada, cercando todo o território da Cisjordânia, o muro se estenderá
para aproximadamente 700 quilômetros.
ESPANHA-MARROCOS:
MUROS DE CEUTA E MELILLA: Ceuta e Melilla são o enclave espanhol na África e
representam o resquício do colonialismo europeu no continente africano. Sob o
domínio espanhol, as duas cidades fazem divisa com o Marrocos e estão muito
próximas do Estreito de Gibraltar, pequeno intervalo oceânico que separa os
dois continentes. Até os anos 1990, a divisão entre os territórios espanhol e
marroquino era pouco perceptível, e o trânsito de pessoas de um local para o
outro era comum. Com a institucionalização da União Europeia e a política de
livre-circulação dos cidadãos europeus, a Espanha foi incentivada a apertar o
cerco em suas zonas fronteiriças. Assim, foram erguidos os muros, que chegam,
juntos, a 20 quilômetros de extensão, com o objetivo de impedir a imigração de
africanos para a Europa.
EUA-MÉXICO: O muro construído pelos Estados Unidos na fronteira com o México é o símbolo da política anti-imigração norte-americana. Num esforço contra os chamados “coiotes”, responsáveis por atravessar clandestinamente pessoas pela fronteira, Washington começou estabeler barreiras físicas entre as cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e Tijuana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em território norte-americano via México.
GRÉCIA-TURQUIA:
MURO DE EVROS: A fronteira entre a Turquia e a Grécia era tida pela UE como a
“porta dos fundos” para a entrada de imigrantes na Europa. Por esse motivo, a
Grécia, o país europeu mais afetado pela crise econômica de 2008 e alvo de
severas medidas de austeridade, resolveu investir € 3,2 milhões (R$ 10,15
milhões) para erguer em 2012 um muro de mais de 10 quilômetros de extensão ao
longo de um trecho da margem do rio Evros, fronteira natural que separa a o
território europeu dos vizinhos turcos.
COREIA
DO NORTE-COREIA DO SUL: Percorrida ao longo do Paralelo 38, a faixa de terra
que divide a península coreana em dois países tem 250 quilômetros de
comprimento. Após o armistício que interrompeu sem pôr fim formal à guerra
entre os dois lados — símbolo do embate entre as duas superpotências durante a
Guerra Fria: o norte comunista, e o sul capitalista —, a porção de território
foi transformada em uma zona desmilitarizada. Ou seja, uma faixa “neutra” onde
militares das duas Coreias podem transitar, mas sem cruzar a linha que demarca
o território de cada um dos países.
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