De Saveiro leva uma Encarnação
Antes mundo era pequeno/Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande/Porque Terra é pequena
Hoje mundo é muito grande/Porque Terra é pequena
Gil não está dizendo que o mundo mudou de tamanho. O que ele faz é uma analogia entre as distâncias que o ser humano podia percorrer antes do grande avanço dos meios de transporte. O mundo neste caso refere-se ao pequeno recorte de espaço geográfico onde vivia uma comunidade, que não podia ir longe demais, já que o planeta é imenso. Hoje os meios de transporte atingiram um nível de tecnologia onde somos capazes de percorrer grandes distâncias em pouco tempo, como se a imensidão da Terra não fosse algo tão intransponível.
Porque Terra é pequena/Do tamanho da antena/Parabolicamará
Ê volta do mundo, câmara/Ê, ê, mundo dá volta, camará
Além dos meios de transporte, Gil obviamente está falando também sobre o grande avanço dos meios de comunicação, usando a antena parabólica como símbolo da integração das culturas. O termo camará, anexado na parabólica, mistura a modernidade com a tradição da capoeira, talvez fazendo alusão ao fato de que tal desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação não beneficiou todos. Mas esta é só uma das várias interpretações.
Antes longe era distante/Perto só quando dava
Quando muito ali defronte/E o horizonte acabava
Quando muito ali defronte/E o horizonte acabava
A globalização encurtou simbolicamente as distâncias físicas, o horizonte não é mais o limite da imaginação. O interessante é que o avanço dos meios de comunicação não necessariamente fez com que as pessoas percorressem o mundo fisicamente. Muitas das viagens são feitas via parabólica, via internet, via telefone celular.
De jangada leva uma eternidade/De saveiro leva uma encarnação
De avião o tempo de uma saudade
Pela onda luminosa/Leva o tempo de um raio
Esse tempo nunca passa/Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça/Nem tá preso nem foge
Esse tempo não tem rédea/Vem nas asas do vento
Mora no som da cabaça/Nem tá preso nem foge
Esse tempo não tem rédea/Vem nas asas do vento
Nestes versos Gil brinca com a relatividade do tempo. Não podemos controlá-lo, é ele quem dita o nosso ritmo neste mundo globalizado. As medidas de tempo que ele utiliza são abstratas: quanto vale uma eternidade? O que significa uma encarnação?
Como se mede uma saudade?
O momento da tragédia/Chico Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino
Só souberam na hora do destino
Apesar de todo o avanço tecnológico da globalização, a natureza do ser humano é frágil. Nestes versos ele cita as personagens da música “A jangada voltou só” de Dorival Caymmi. Talvez por isso diz que uma jornada de jangada leva uma eternidade. Já o saveiro, uma embarcação mais rápida, mas também rudimentar, o tempo é medido numa encarnação, que supostamente é menor que uma eternidade. (Esta frase parece bem o papo do Gilberto Gil mesmo!) Mas o que é a onda luminosa? Provavelmente ele quis falar da velocidade da luz, do inimaginável, do que o futuro dos avanços tecnológicos nos reserva.
Será que a Terra ainda pode ficar menor?
Veja neste blog outro post sobre Músicas
Me ajudou muito na lição de casa de geografia, obrigada!
ResponderExcluirMuito obrigado pela ajuda
ResponderExcluirMe ajudou na tarefa de geografia ❤
ResponderExcluirAmei
ResponderExcluir