Khala Rangmaal e os moalim sahib
Por
Khaled Hosseini
Cabul,
primavera de 1987 no hemisfério norte. Foi difícil para Laila prestar atenção à
aula naquele dia. Assim, quando a professora a chamou para dizer quais eram as
capitais da Romênia e de Cuba, Laila foi apanhada de surpresa. Os alunos
chamavam a professora de Khala Rangmaal,
Tia Pintora, pois quando esbofeteava um aluno fazia pose como um pintor usando
um pincel.
A
professora não usava maquiagem nem jóias. Não cobria a cabeça e não permitia
que as alunas fizessem isso, já que para ela homens e mulheres são iguais sob
todos os aspectos.
Khala Rangmaal dizia que a União Soviética era a melhor nação do
mundo, juntamente com o Afeganistão. Na União Soviética, todos eram felizes, e
isso aconteceria também no Afeganistão assim que os bandidos reacionários
fossem derrotados.
Na
parede, por trás da mesa de Khala
Rangmaal havia um mapa da União Soviética, outro do Afeganistão e um
retrato do último presidente comunista, Najibullah. Havia retratos de soldados
soviéticos cumprimentando camponeses, plantando mudas de macieiras, construindo
casas, sempre com um sorriso entusiasmado.
Ninguém
ousaria mencionar na presença de Khala
Rangmaal os boatos cada vez mais frequentes de que os soviéticos estavam
perdendo a guerra, principalmente quando Reagan, o presidente dos EUA, tinha
começado a armar os mujahedins com
mísseis Stringer, para derrubar helicópteros soviéticos. Nem diriam que
muçulmanos de todos os pontos estavam se aliando à causa afegã, inclusive ricos
sauditas que vinham para o Afeganistão combater naquele jihad.
Laila,
afinal disse: “Bucareste, Havana”. Khala
Rangmaal perguntou: “E estes países são amigos ou não?”. Laila respondeu:
“São, sim, moalim sahib. São países
amigos”. Khala Rangmaal assentiu com
um leve gesto de cabeça.
Adaptação do trecho do capítulo 16
de “A cidade do Sol” de K. Hosseini p. 102-4.
Mais
sobre o livro A cidade do Sol em:
Aerosmith - Kings and Queens
Enfim, os Estados Unidos levou a "democracia" a esse pais, dando poder aos radicais religiosos e criando seus próprios monstros. Assim, todos ficaram felizes, cada um com o que queria, alguns com petróleo, outros com poder, e a maioria sem nada. Viva a "democracia" estadunidense.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário! Abraços
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