As “linhas” divisórias da Geopolítica
Por Samuel P. Huntington
No mundo pós-Guerra Fria, a cultura é, ao mesmo tempo, uma força unificadora e divisiva. Os povos separados pelas ideologias, porém, unidos pela cultura se juntam, como fizeram as duas Alemanhas, e como as duas Coreias. As sociedades unidas por ideologia ou circunstâncias históricas acabaram por se desintegrar, caso da União Sovietiva e da Iugoslávia. Pode ser que algumas sociedades fiquem sujeitas a fortes tensões, tal como acontece na Ucrânia, na Nigéria, na Índia ou no Sri Lanka.
Os países que tem afinidades culturais cooperam em termos econômicos e políticos. As organizações internacionais baseadas em Estados com aspectos culturais em comum, tais como a União Europeia, têm muito mais êxito do que aquelas que tentam transcender as culturas. Durante 45 anos, a “cortina de ferro” foi a linha divisória central da Europa. Essa linha se moveu várias centenas de quilômetros para o Leste. Ela é agora uma linha que separa povos da cristandade ocidental dos povos cristãos ortodoxos e muçulmanos.
O mundo pós-Guerra Fria é um mundo de sete ou oito civilizações principais. Os aspectos comuns e as diferenças moldam os interesses. O poder se desloca gradualmente dos ocidentais para os “não-ocidentais”, ou seja, a política mundial do século XXI torna-se multipolar e multicivilizacional.
Trecho adaptado de O choque de civilizações – Samuel P. Huntington – Objetiva – p. 28-9
Sobre os “Ventos da mudança” que sopraram na Europa da década de 1990: http://geopesca.blogspot.com.br/2011/05/rock-e-o-fim-da-guerra-fria.html
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