Segundo o IBGE, expectativa de vida do brasileiro sobe para 74,6 anos
A expectativa de vida ao nascer no Brasil chegou a 74,6 anos em 2012, segundo dados divulgados hoje (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil de 2012, entre 2011 e 2012, os brasileiros tiveram ganho de cinco meses e 12 dias na expectativa de vida ao nascer. O número passou de 74,1 anos em 2011 para 74,6 anos no ano seguinte.
As mulheres tiveram maior ganho: seis meses e 25 dias, chegando a 78,3 anos em 2012. Já a expectativa entre os homens subiu quatro meses e 10 dias, alcançando 71 anos.
Em uma análise retrospectiva, os dados mostram que na comparação com 1980, a população brasileira teve ganho médio de 12,1 anos já que, à época, a esperança de vida era 62,5. Duas décadas depois, em 2000, os números mostram ganho de quatro anos e dois meses. Segundo o pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque a tendência é que a expectativa de vida continue a crescer.
“Os índices de mortalidade da população brasileira ainda são distantes de países mais desenvolvidos. Por isso, ainda vamos continuar aumentando a expectativa de vida. O Brasil ainda tem ‘gordura’ para queimar em termos de mortalidade. Além disso, a expectativa é que, com programas governamentais e não governamentais de melhoria do saneamento, transferência de renda e acesso a medicamentos, a mortalidade continue a cair”, disse.
A variação da expectativa de vida muda conforme a faixa etária do brasileiro. Para um brasileiro de 40 anos, por exemplo, a estimativa é que ele viva até os 78,3 anos. Para pessoas acima de 80 anos, a expectativa é que elas vivam nove anos e um mês a mais. A tábua completa com dados da mortalidade no Brasil foi publicada no Diário Oficial de hoje.
“O
meio técnico-científico-informacional surge na década de 1970 a se concentra
nas áreas privilegiadas no período anterior, o que acentua as desigualdades
territoriais. Assim, surgem áreas de globalização absoluta e relativa, o que
gera espaços que mandam e espaços que obedecem.
Atualmente
a informação fundamenta e orienta o trabalho e orienta sua divisão global e
local. No nordeste a rede fundiária concentrada impõe às novas técnicas
informacionais. O Centro-Oeste e a Amazônia, como não possuíam o meio técnico
tradicional do período anterior, estão abertos para as novas técnicas. Na
Região Concentrada (Sul-Sudeste) houve simplesmente a agregação das inovações
técnicas, em paralelo a uma crise da indústria.
A
globalização é o momento da ocupação do território brasileiro que mais acentuou
as desigualdades sociais e as diferenças regionais brasileiras. A concentração
do meio técnico-científico-informacioanal dificulta o acesso a bens e serviços
e gera vazios de consumo representados pela pobreza, sobretudo urbana, que
reúne todo o conteúdo explosivo do território hoje.”
Ciência
Hoje – RJ – (Dez-2001) – Uma teoria do Brasil: última obra de Milton Santos
sintetiza a realidade nacional diante da globalização.
A
Geografia Quantitativa ou Pragmática influenciou sobre a educação brasileira
nas décadas de 1970 e 1980. No Brasil desenvolveu-se sob a denominação de
Geografia Teorética, caracterizada principalmente pelo uso de técnicas
estatísticas e matemáticas e modelos de representação no trato dos temas
geográficos.
As
críticas a essa Geografia basearam-se no exagero da quantificação e na maior
importância dada às técnicas em detrimento dos fins a serem atingidos,
destacando-se a grande preocupação com as técnicas de planejamento. Dessa
forma, a Geografia ficava alheia, por exemplo, aos problemas sociais e à
agressão ao meio ambiente.
A
corrente quantitativa da Geografia foi uma espécie de “renovação conservadora”.
Alguns autores definem essa fase como uma passagem do positivismo clássico para
uma espécie de neopositivismo.
A
política assume seu papel no ensino da Geografia. Outra vertente do movimento
de renovação da Geografia foi a chamada Crítica, Radical, ou ainda Marxista,
por ter como base teórica o materialismo histórico e dialético. Esta corrente
trouxe uma preocupação com as injustiças sociais e com os problemas ideológicos
e políticos, propondo uma Geografia, digamos, mais militante, lutando por uma
sociedade mais justa.
A
Geografia Crítica assume, principalmente nos anos 1980, um discurso político
explícito, não basta apenas descrever o espaço geográfico, há a necessidade de
transformá-lo.
Infelizmente
a Geografia Crítica ficou muito marcada por um discurso retórico, sem alcançar
a prática dos professores. Pode-se afirmar que essa geografia marxista
negligenciou a percepção de mundo ao tachar de idealismo inútil qualquer
explicação subjetiva e afetiva da relação entre sociedade e natureza que não
priorizasse a luta de classes. Por isso mesmo, perdeu espaço.
A
corrente da Geografia da Percepção também influenciou a Geografia escolar. Ela
se diferencia das demais correntes por se preocupar em verificar a apreensão da
essência, pela percepção e pela intuição. Sua base é a fenomenologia,
caracterizada por utilizar fundamentalmente a experiência vivida e adquirida
pelo indivíduo.
De
acordo com o geógrafo chinês Yu-Fu Tuan, a Geografia Humanística, como também é
chamada, procura entender o mundo a partir do estudo das relações do homem com
a natureza, bem como de seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do
lugar.
Há
hoje a necessidade de a Geografia pautar-se em explicações plurais que
dialoguem com outras áreas do conhecimento, trabalhando as relações físicas e
humanas concomitantemente, e as interações entre elas estabelecidas.
Altamente corrosivo, lago no
norte da Tanzânia mata e calcifica todas as aves e pequenos mamíferos que dão o
azar de cair em suas águas.
Por Juliana Tiraboschi
É como um enredo de filme de terror: animais desavisados caem em
um lago misterioso e são transformados em estátuas. Parece
ficção, mas a história é real e acontece no lago Natrão, na Tanzânia. Algumas
vítimas desse lago mortal foram registradas pelo fotógrafo britânico Nick
Brandt. O resultado está no livro “Across the Ravaged Land” (Através do Lago
Devastado, em tradução livre – sem versão em português). O nome do lugar já
explica parte da letalidade do lago. Natrão é um sal formado por carbonato de
sódio hidratado e bicarbonato de cálcio, que se depositou ali por meio de
cinzas vindas de vulcões. Os egípcios sabiam disso e usavam a substância em
processos de mumificação.
O natrão torna o ambiente do lago extremamente inóspito, com um
nível de pH muito alcalino, variando entre 9 e 10,5. Isso faz com que o Natrão
seja considerado o lago mais cáustico do mundo. Ou seja, ele é altamente
corrosivo. Além disso, a temperatura de suas águas pode chegar a 60oC. Um dos
poucos animais capazes de sobreviver no lago é uma espécie de tilápia adaptada
para suportar a alcalinidade e a alta temperatura. Surpreendentemente, o local
é o paraíso de flamingos que se alimentam de spirulina, um tipo de
cianobactéria que cresce nas margens do Natrão. As aves constroem seus ninhos
ali justamente porque o ambiente é tão agressivo à vida que acaba espantando
predadores. Mas, vez ou outra, alguns flamingos caem acidentalmente na água e
também acabam virando “pedra”. Segundo Nick Brandt, ninguém
sabe exatamente como os animais morreram. Uma hipótese é que os reflexos na
superfície do lago tenham confundido os animais, do mesmo jeito como pássaros
trombam com janelas de casas e prédios. Uma vez que são “capturados” pelas
águas letais do Natrão, os bichos morrem e ficam calcificados. “O sal alcalino
presente no lago ‘gosta’ de água e absorve toda a umidade, ressecando qualquer
coisa que entre em contato com ele”, afirma Ethan Kinsey, um dos participantes da
expedição de Nick Brandt, em seu blog. “Além disso, a alcalinidade atua como
uma substância antibacteriana, preservando os corpos da decomposição”, diz.
Encantado e surpreso pelo mórbido espetáculo dos corpos espalhados pelos
arredores do lago, Brandt reposicionou os cadáveres de modo que parecessem
vivos e os clicou, eternizando-os também em imagens.
Nick Brandt se encantou pela África Oriental quando desembarcou na
Tanzânia pela primeira vez, em 1995, para filmar o vídeo de “Earth Song”,
canção de Michael Jackson. A partir daí, o fotógrafo passou a dedicar-se também
à preservação da natureza. Em setembro de 2010, fundou a organização Big Life
Foundation, que luta contra a caça de elefantes, junto com o conservacionista
Richard Bonham. Seu novo livro fecha uma trilogia iniciada em 2000 e formada
pelas obras “On This Earth” (Nessa Terra) e “A Shadow Falls” (Uma Sombra Cai),
que ambiciona documentar a devastação e a matança de animais na África.
A Teoria Econômica Clássica é brilhante.
A ideia básica, formulada pelo filósofo escocês Adam Smith em 1776, é que o
mercado é a melhor maneira de determinar o valor das coisas. Ponha algo para
vender, espere até alguém aparecer querendo comprar e pronto: logo um preço
surgirá. Se a oferta aumentar, o preço cai, se a demanda subir, o preço sobe.
Simples, prático e genial. Mas, infelizmente, essa teoria contém um pequeno
erro. Pequeno, mas, se ele não for corrigido, o mundo acaba.
O erro de Adam Smith é que ele se
esqueceu de pensar que certas coisas não têm preço. Isso porque algumas coisas
têm mercados que movimentam dinheiro e outras não. Imagine uma árvore milenar,
crescendo sem dono no meio da Floresta Amazônica. Não há mercado nenhum em
funcionamento aí – dinheiro nenhum muda de mãos enquanto a árvore cresce e os
séculos passam. Mas, se formos até a floresta com uma serra, fatiarmos a
coitada em tábuas e colocarmos as ditas cujas para vender a R$ 5 o metro
linear, vai surgir um mercado. Alguém aparecerá querendo comprar e aí é uma
beleza: a economia se move, dinheiro circula, o PIB aumenta, o Brasil cresce.
Derrubar árvores aumenta o PIB, plantar árvores não.
A árvore crescendo majestosa no meio da
floresta não tem preço, mas isso não quer dizer que ela não tenha valor. Ela
tem – por exemplo, para os milhões de seres que habitam sua copa e curtem sua
sombra. Ou para as pessoas do futuro que sofrerão de doenças cuja cura está nos
genes de um desses seres. Ela tem valor para todos os habitantes da América do
Sul, já que as árvores amazônicas propulsionam uma “bomba biótica” – soltam
umidade na atmosfera e os ventos oceânicos empurram essa umidade para o
continente todo, garantindo as chuvas e, portanto, a fertilidade, do cerrado
aos pampas.
Não é um valor teórico – é concreto,
real. Se não houvesse a árvore, um monte de gente ia ficar mais pobre. Mas esse
valor é difícil de calcular e, portanto, os mercados não o enxergam. É como se
árvore fosse grátis. Se a árvore é grátis e a tábua custa R$ 5 o metro, segundo
as leis de Adam Smith, cria-se um incentivo para todo mundo derrubar árvores e
vender tábua a rodo (e rodo também). Até que, naturalmente, as árvores acabam.
Isso é um erro porque, ao final do processo, todos ficamos mais pobres.
O nome desse erro da economia é
“externalidade”, que é aquilo que não está computado na formação de um preço. O
maior problema do mundo hoje é que a economia está repleta de externalidades.
Segundo o economista indiano Pavan Sukhdev, da Universidade Yale, mais de 50%
dos ganhos das empresas na realidade são externalidades. Ou seja: a maior parte
da economia mundial não são lucros – são roubos. É alguém impondo um custo a
outro para fazer dinheiro para si próprio.
Por exemplo, dizem que a maneira mais
barata de produzir energia é queimando carvão e usando o calor gerado. O que a
economia não calcula é que a produção dessa energia gera um custo para o mundo
maior do que seu próprio valor. Segundo Pavan, para cada R$ 1 de energia que é
produzida com queima de carvão, impõe-se um custo de até R$ 3,50 para a
economia. Ou seja, se fizermos a conta direitinho, descobrimos que as usinas
termelétricas não produzem energia: elas queimam dinheiro.
O economista dos transportes Charles
Komanoff tem um outro exemplo. Segundo ele, a cada vez que uma pessoa anda de
carro em Nova York,
os outros habitantes da cidade perdem 3 horas e 15 minutos de suas vidas, no
trânsito. Cada novo carro na rua aumenta um tiquinho o congestionamento,
fazendo com que cada um dos outros carros percam alguns segundos. O que
Komanoff fez foi somar todos esses segundos. Descobriu que, quando um motorista
tenta economizar 5 minutos, a cidade perde mais de 3 horas. Não é à tôa que
hoje a velocidade média de um carro no trânsito em uma grande cidade é menor do
que no tempo das carroças movidas a boi.
E como eliminar as externalidades para
corrigir a escorregada de Adam Smith? O único jeito é incluir no preço das
coisas todos os custos e esperar que o mercado cuide do resto. Se o carrão que
gera trânsito custar mais, cria-se um incentivo para que se escolha veículos
menores. Se a tábua incluir no seu preço a sombra perdida e os bichos
desalojados, vai ficar mais barato comprar madeira reflorestada.
Vários países estão criando taxas para
matar externalidades. Claro que a última coisa que o Brasil precisa é de mais
impostos. Mas, e se todos os impostos atuais fossem eliminados e criássemos
todo um novo código tributário, do zero, com um único critério: eliminar
externalidades?
O primeiro passo é fazer contas: calcular
na ponta do lápis o preço exato de tudo que a economia esqueceu. Claro que não
vai ser fácil chegar a um acordo sobre o preço justo de coisas como sombra,
silêncio e vida humana, e é por isso que precisaremos de gente boa de números.
Pavan Suhhdev costuma dizer que são os contadores que vão salvar o mundo.
Aí bastará incluir no preço das coisas os
custos escondidos que elas têm. Muita gente vai chiar. Hábitos que costumamos
ver como baratos – comer carne, queimar gasolina, misturar cimento – vão ficar
bem mais caros. Mas aí é questão de tempo até uma nova geração de
empreendedores inventar opções alternativas – veículos que não poluem, comidas
que fazem bem, produtos que não destroem – por preços razoáveis. E aí o mercado
funcionará, do jeito que Adam Smith descreveu.
Este texto foi
publicado originalmente na Edição Dourada da SUPER – 111 Ideias Que Valem Ouro.